Em meados de 2019 estive em Singapura! Ou seria “estive em Cingapura”? Então, vamos logo tirar essa dúvida ortográfica antes de trazer os insights dessa viagem.
Em inglês, que inclusive é um dos idiomas oficiais do país, o nome é Singapore, em espanhol e em alemão é Singapur, em italiano Singapore como em inglês, Singapour em francês e Singapura em português de Portugal. Ou seja, nos idiomas mais conhecidos, inclusive em português de Portugal, sempre se escreveu com “s” mas em português do Brasil se escrevia Cingapura.
Em 1990 surgiu o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que criou a unificação da ortografia a ser seguida pelos países falantes da referida língua. O Acordo esteve em vigor no Brasil, em transição, de 2009 a 2015. Somente a partir de 1/1/2016 tornaram-se obrigatórias as regras do Acordo e, desde então, a forma Singapura, com “s” e não mais com “c”, é a única admitida no Brasil, em sintonia com os demais países de língua portuguesa.
Resumidamente falando, Singapura já foi colônia britânica, depois associou-se à Federação Malásia e por fim, tornou-se independente em meados dos anos 1960. Geograficamente, o país é uma ilha na extremidade sul da Malásia, com pouco mais de 700 mil km2 e cerca de 6 milhões de habitantes. Trata-se de uma cidade-Estado, com população similar à da cidade do Rio de Janeiro e com 60% da área da capital carioca.
A minha viagem ao Sudeste Asiático, em princípio, visava conhecer a Tailândia e a Malásia, mas inclui Singapura por ser muito perto dos dois países e por tudo que eu já tinha escutado sobre a organização, prosperidade e modernidade daquele lugar conhecido com um dos “tigres asiáticos”.
Singapura é uma nação conhecida por ser um pujante centro financeiro, comercial, hub de transporte marítimo e de inovação tecnológica. Diz-se que há muitos milionários e que a qualidade de vida é elevada. Eu cheguei lá de ônibus vindo da Malásia, mas voltei de avião pelo Aeroporto de Changi, eleito o melhor aeroporto do mundo pela Skytrax, por 8 anos seguidos, de 2013 a 2020. E novamente em 2023.
A primeira experiência foi de ter me hospedado pela primeira vez numa “cápsula espacial”, como são conhecidas algumas acomodações na cidade. É uma espécie de hostel ultra moderno, simples, mais barato que a maioria dos hotéis, porém com privacidade e conforto. Neste vídeo, um outro viajante descreve como funciona o Galaxy Pods, em Chinatown, onde eu me hospedei.
Na rua do Galaxy Pods, haviam aquelas patinetes de aluguel que também existem no Brasil. Mas além disso, haviam carros elétricos (Blue SG) que podiam ser alugados por tempo de uso, do mesmo modo que as patinetes e bikes.
Passeando pela cidade chama a atenção a arquitetura arrojada, a grande quantidade de arranha-céus, mas também o quanto existe de área verde, são muitos parques e praças bem arborizados. As ruas, muito bem pavimentadas, pareciam pátios de concessionárias de “novos e seminovos”, não vi um carro velho, nenhuma “Brasília amarela”.
A limpeza das ruas também é um destaque e um motorista do Grab (o app de mobilidade que predomina no Sudeste Asiático) me confirmou que de fato é proibido mascar chiclete nas ruas e que a multa é pesada se você for pego. Por essas e outras coisas, Singapura é também conhecido como o lugar onde “tudo é proibido” ou onde existem “regras para tudo”.
Singapura é uma república parlamentarista, que tem o Partido de Ação Popular, identificado por muitos como de centro-direita, como dominante nas últimas sete décadas, isto é, desde a independência. Em que pese os indicadores de prosperidade do país, existem indícios de que a alta qualidade de vida não está ao alcance de uma boa parte da população.
Uma matéria da CNN Portugal afirma que “Nesta cidade, o direito a ter carro custa 72 mil euros. E isso não inclui o automóvel”. Em uma extensa matéria – de 4/7/2023 - no canal Vamos! do YouTube denominada “Outra Singapura” é apresentado um outro lado da cidade-Estado com as máfias, pobreza e exploração do trabalho humano.
Em fevereiro de 2024, no Câmera Record do dia 11, o jornalista Roberto Cabrini apresentou a reportagem especial “O Preço da Liberdade” onde habitantes de Singapura se queixam da vigilância ostensiva, da restrição à liberdade e das regras, por ex.: no metrô as pessoas devem permanecer caladas, é proibido conversar e falar ao celular.
Como a maioria dos turistas, eu só conheci - e me encantei - com a “cara” feliz e glamurosa de Singapura. A impressão que se tem é de que não há criminalidade e que existe nenhuma ou quase nenhuma desigualdade social. O outro lado (“coroa”) não faz parte do roteiro turístico, mas está relatado em matérias como as citadas neste artigo para que cada um possa analisar e tirar suas próprias conclusões.
#Singapura #tigres_asiáticos
*Antonio Carlos Ferreira é Mestre em Relações Internacionais, Especialista em Planejamento Estratégico e Políticas Públicas, Administrador, Coach de vida e carreira e Consultor Empresarial.
Muito boa a explicação! Ajuda muito a conhecermos um mundo por uma pessoa que viaja. Realmente fiquei curiosa sobre esses carros que os turistas podem usar. Eles mesmo dirigem ou já tem motoristas? Sobre a limpeza da cidade, arborização achei interessante. Sobre a proibição de se falar em metrô só quem utiliza o meio de transporte no Brasil sabe a importância. A questão é uma ligação urgente. Mas aí se desce na próxima estação. E sobre a periferia... Já temos demais no Brasil.